Pessoas com diabetes apresentam características que podem se refletir nas condições da boca. A relação entre diabetes e saúde bucal é muito próxima e precisa ser bem conhecida, a fim de garantir os cuidados necessários para a manutenção da qualidade de vida.

Assim, saber o que é a diabetes, quais são os tipos principais e os problemas bucais mais comuns provocados pela doença são questões imprescindíveis para tomar os devidos cuidados. A diabetes requer da pessoa uma atenção consigo mesma que, por sua vez, é resultado direto do conhecimento que detém de sua saúde.

O que é a diabetes?

O processo de digestão após uma refeição, sobretudo quando inclui carboidratos, disponibiliza o fornecimento de glicose para o sangue. Este, por sua vez, conduz esse açúcar simples até as células dos diversos tecidos do corpo, onde deve ser utilizado como fonte de energia.

Assim, de modo geral, todo trabalho realizado pelo corpo, desde levantar uma perna até resolver uma equação matemática faz uso da glicose como fonte de energia. Um hormônio chamado insulina viabiliza a passagem das moléculas de glicose do sangue para o interior das células.

Se a insulina não consegue processar essa transferência de glicose para dentro da célula ou se o organismo não produz insulina suficiente para essa atividade, a glicose passa a se acumular no sangue. A esse acúmulo de glicose sanguínea dá-se o nome de hiperglicemia.

A diabetes mellitus é a condição em que o corpo não consegue mobilizar a glicose e, de modo permanente, convive com a possibilidade de uma hiperglicemia se certas medidas não forem tomadas. Assim, o controle da diabetes constitui o conjunto de iniciativas que a pessoa nessa condição deve adotar como uma rotina em sua vida.

A hiperglicemia é uma condição perigosa que precisa ser controlada. A ausência de cuidados pode provocar danos sérios nas artérias, no coração, nos rins, nos olhos e nos nervos.

Quais são os principais tipos de diabetes?

A diabetes mellitus pode se apresentar sob duas formas principais: tipo 1 e tipo 2. Cada uma tem suas próprias características, como causas e sintomas principais. Existe ainda a diabetes gestacional, temporária, que pode se manifestar durante a gestação e que regride posteriormente.

Diabetes tipo 1

A origem da diabetes tipo 1 é o fato de que as células do pâncreas produtoras de insulina padecem de ataques autoimunes (do próprio organismo). Como resultado, o corpo não produz o hormônio necessário para a transferência da glicose para as células.

Cerca de 5% a 10% das pessoas com diabetes estão nessa condição. A diabetes do tipo 1 é conhecida por “diabetes insulinodependente”, sendo mais comum em crianças, adolescentes e jovens adultos.

Pessoas com diabetes tipo 1 necessitam receber aplicação de insulina diariamente a fim de suprir o que o organismo não produz. Existem sérios riscos à saúde da pessoa se houver descuido dessa aplicação.

Diabetes tipo 2

A diabetes tipo 2 ocorre quando o corpo não produz insulina em quantidade suficiente para atender às necessidades. Também pode resultar do não aproveitamento da insulina produzida, ou seja, observa-se uma resistência à ação do hormônio.

Cerca de 90% dos casos de diabetes são do tipo 2. Esse tipo é conhecido como “diabetes não insulinodependente” e é mais frequente em pessoas obesas, com mais de 40 anos. Em razão dos maus hábitos alimentares, percebe-se esse tipo de diabetes alcançando jovens e crianças.

Essa condição do tipo 2 pode permanecer durante anos sem ser percebida pela pessoa, mesmo com boa alimentação e praticando atividades físicas. Assim, sem diagnóstico e sem tratamento, complicações do coração e do cérebro podem ser favorecidas.

Pré-diabetes

Existe uma condição chamada pré-diabetes, na qual os níveis de glicemia (a concentração de glicose no sangue) estão mais elevados que o normal, mas ainda não caracterizam a diabetes. Costuma se manifestar em pessoas obesas, hipertensas ou com os níveis de lipídios alterados.

Trata-se de um alerta do corpo que não deve ser desconsiderado. Nessa fase, a situação pode ser revertida, evitando-se que a diabetes se instale.

Quais os principais problemas bucais das pessoas com diabetes?

A saúde bucal é um componente especialmente sensível para a pessoa com diabetes. A circulação sanguínea dificultada no ambiente dos tecidos da boca, assim como a redução na produção de saliva (“boca seca”) favorecem o surgimento de problemas bucais que podem ser mais sérios. Conheça os principais a seguir.

Gengivite

Em razão da circulação sanguínea ser afetada pela diabetes, pequenos sangramentos nas gengivas podem ocorrer com mais facilidade durante a escovação. Por sua vez, a maior disponibilidade de glicose no sangue facilita o desenvolvimento de bactérias. Além disso, a própria higienização fica prejudicada pelo receio de ferir as gengivas.

O surgimento de uma intensidade maior na coloração da gengiva, passando de rosada para avermelhada, é o primeiro sinal de inflamação nessa área. Uma evolução nesse quadro pode facilmente ocorrer em razão da pessoa com diabetes estar com o sistema imunológico mais fragilizado e ter menos resistência às infecções.

Doença periodontal

A evolução da gengivite se dá na forma de uma periodontite, com a instalação de um processo infeccioso entre o dente e a gengiva. O local torna-se inchado e dolorido, o que dificulta ainda mais a higienização, podendo piorar o quadro.

Na periodontite pode haver a formação de pus e aprofundamento da infecção, alcançando o osso do maxilar. O tratamento pode exigir a utilização de antibióticos, pois existem sérios riscos de perda do dente.

Mau hálito

A presença de pus, no caso de uma doença periodontal, é causa do surgimento de halitose (mau hálito) forte. No entanto, na condição diabética outros fatores também são responsáveis pela ocorrência de halitose.

Assim, como a glicose não chega aos tecidos do corpo, permanecendo no sangue, as células passam a utilizar a gordura como fonte de energia. Essa característica da diabetes provoca a formação de corpos cetônicos (substâncias com odor de acetona), que conferem um hálito próprio nesses casos.

Dificuldade de cicatrização

Um conjunto de situações comuns da condição leva o organismo da pessoa com diabetes a apresentar maior dificuldade para a cicatrização dos tecidos lesados. Por essa razão, pequenos ferimentos na gengiva ou mordeduras da mucosa bucal devem ser bem cuidados e observados.

Os próprios tratamentos dentários podem demorar mais para sua conclusão. Isso faz com que a pessoa com diabetes deva manter um acompanhamento sempre mais próximo com seu dentista, pois as situações de suscetibilidade podem estar surgindo constantemente.

Alteração de paladar

Conhecidas como disguesia, as alterações no paladar podem ser o resultado da “boca seca” provocada pela redução de saliva. Não apenas alterações no paladar são possíveis, mas também a perda da capacidade de sentir o sabor dos alimentos.

Além disso, um sintoma comum é a ardência nas mucosas da boca. Mesmo sem qualquer lesão aparente, ardência, dores e fisgadas podem ser sentidas nas mucosas bucais.

Quais os cuidados com a saúde bucal para pessoas com diabetes?

Em função da possibilidade sempre presente da ocorrência de problemas bucais, as pessoas diagnosticadas com diabetes devem estar constantemente atentas às condições da saúde bucal. Visitas rotineiras ao dentista são indispensáveis para orientação e tratamento de qualquer eventualidade.

É necessário, portanto, que a pessoa incorpore em sua rotina:

  • consultas periódicas ao dentista;
  • avaliação de seu histórico com problemas bucais;
  • atenção permanente para ocorrência de qualquer problema na gengiva e na mucosa;
  • manutenção permanente e cuidadosa da higienização bucal orientada pelo dentista.

Assim, as principais questões relativas à relação entre diabetes e saúde bucal podem ser conduzidas com melhores previsões de solução e maior qualidade de vida.

Via: Instituto Mongeral Aegon